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Suzana Herculano-Houzel e a Neurociência

  • Foto do escritor: GJWHS
    GJWHS
  • 21 de nov. de 2020
  • 3 min de leitura


Suzana Herculano-Houzel (Rio de Janeiro, 1972), neurocientista brasileira, cujo principal campo de pesquisa é neuroanatomia comparada. Ficou conhecida fora da comunidade científica por divulgar ciência, falar sobre com as pessoas em uma linguagem que todos entendem. Em 2013 foi a primeira brasileira a participar da conferência TED Global. Ela já publicou mais de 45 artigos científicos em 11 anos.







Em sua participação no TED Global ela falou sobre sua descoberta do número aproximado de neurônios que existem no cérebro humano. Conta que se interessou pelo assunto porque lia nos livros que tínhamos 100 bilhões de neurônios, mas não havia fonte para tais dados, daí veio sua curiosidade em descobrir esse número.





Sua pesquisa sobre esse assunto ganhou destaque internacional. A abordagem envolveu a dissolução de quatro cérebros doados à ciência em uma mistura homogênea, chamada de “sopa cerebral". Seu método de dissolução das membranas celulares para fazer essa sopa, foi usando simples detergente, a qual destrói as membranas das células, mas deixa os núcleos intactos. A partir de uma amostra da mistura, contou e classificou a quantidade de núcleos celulares pertencentes aos neurônios. Sua conclusão foi de que o cérebro humano possui, em média, 86 bilhões de neurônios, ou seja, 14 bilhões a menos do que se acreditava anteriormente.

Na mesma palestra ela explica que o cérebro humano não tem nada de especial. Porém esse revela algumas curiosidades. Por exemplo, temos um córtex cerebral maior do que nós deveríamos ter, dado o tamanho do nosso corpo. Além disso nosso cérebro usa uma quantidade enorme de energia, representa 2% do nosso corpo e utiliza 25% das calorias diárias para funcionar. Então por que temos um cérebro maior do que um grande macaco que tem um corpo muito maior?

Parece haver algum tipo de “troca evolutiva” entre o tamanho do cérebro e o tamanho do corpo – há uma limitação metabólica, e primatas podem apenas consumir calorias suficientes para suportar um ou o outro – exceto humanos, que podem suportar ambos. O que nos permitiu ultrapassar essa limitação?

Essas perguntas foram respondidas por ela mesma, a qual acredita e agradou muito a comunidade científica com sua explicação, que a resposta seja simplesmente, nós cozinhamos. Essencialmente, cozinhar (o ato de usar o fogo para pré-digerir os alimentos) nos ajuda a obter mais energia a partir da mesma quantidade de comida. Cozinhar os alimentos rende três vezes mais calorias. Nosso córtex cerebral é especialmente denso, contendo 16 bilhões de neurônios. Cozinhar foi a chave para apoiar este grande córtex, que por sua vez suporta o pensamento complexo.

Ou seja, em resumo, Suzana acredita que o grande tamanho de nossos cérebros e suas capacidades cognitivas notáveis se devem ao fato de que nós cozinhamos nossa comida, permitindo que a energia seja melhor digerida e absorvida, em muito menos tempo.

Outro motivo para a nossa evolução intelectual foi o fato de não precisarmos mais pensar tanto em como conseguir comida, visto que ela processada pelo fogo dura muito mais. O tempo que sobrou livre foi investido no desenvolvimento de outras habilidades extremamente importantes para o desenvolvimento do ser humano.

Segundo a Suzana Herculano-Houzel a principal mensagem que tenta sempre transmitir em seu trabalho é que nós, humanos, somos apenas mais um animal. Somos um primata em escala aumentada, o animal com o maior cérebro de primata, portanto ainda primatas. As diferenças entre humanos e outros animais são uma questão de quantidade, não de qualidade; por isso, há uma razão neuroanatômica para trabalhar com a hipótese de que todos os vertebrados têm algum nível de consciência. Não somos os únicos.


http://www.suzanaherculanohouzel.com/


Ela acredita que o estudo da quantidade de neurônios diferentes que cada espécie tem, ajuda os humanos a saber que somos só outro animal. Alguns animais podem ser mais capazes cognitivamente, outros menos (gatos, cachorros, gorilas, humanos, respectivamente), mas nenhum merece menos respeito por causa disso. Ela afirma ainda que não acredita, ou argumenta, que "inteligência" ou "número de neurônios", ou qualquer coisa que possa ser colocada em um número, poderia ou deveria ser usado como critério para desrespeitar qualquer outra criatura. Atualmente, suas pesquisas estão concentradas em cérebros de elefantes e baleias.

Além disso, Suzana tem alguns livros publicados relacionados à neurociência.



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