A Irmã pioneira na computação
- GJWHS
- 7 de nov. de 2020
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Durante parte dos séculos XIX e XX, era comum empregar mulheres habilitadas na área das ciências exatas para fazer cálculos matemáticos e programação em institutos de pesquisas, departamentos universitários e órgãos governamentais. Essas mulheres eram conhecidas por “computadores” ou “calculadoras”, tinham baixos salários, longas jornadas de trabalho e ficavam nos bastidores de todo o processo, pois seu ofício era visto como tedioso e inferior ao dos homens, que lideravam os projetos.
Apesar da condição de subalternidade, figuras como Annie Jump Cannon, Cecilia Payne e Henrietta Swan Leavitt, que faziam parte da equipe das “calculadoras de Pickering”, destacaram-se e foram imprescindíveis na catalogação de dezenas de milhares de estrelas da nossa galáxia. Outro importante caso foi o de Katherine Johnson cujos cálculos foram essenciais para o sucesso da missão Apolo 11.
Mulheres como essas dos bastidores fizeram importantes contribuições e seus feitos servem de base científica até os dias atuais.
Hoje, em especial, falaremos de uma mulher que foi protagonista e mesmo assim teve sua história ofuscada, pois muitos sequer ouviram falar dela. Portanto, vale a pena conhecer um pouco do seu trabalho e da sua história.
Mary Kenneth Keller, mais conhecida como Irmã Mary Kenneth Keller (“irmã”, isso mesmo o que você leu) nasceu em Ohio, EUA, em 1913. Entrou para a ordem das Irmãs de Caridade da Abençoada Virgem Maria em 1932, na qual fez seus votos em 1940. Três anos mais tarde, conquistou o bacharel em Ciências com ênfase em Matemática, conseguindo seu mestrado em 1953 pela Universidade DePaul.

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Ela foi uma pioneira nos estudos, em que permaneceu lutando para expandir o alcance da ciência da computação. Diante disso, ela fundou a Associação de Usuários de Pequenos Computadores na Educação (ASCUE) uma organização que visa a promoção do uso de tecnologias para a educação; afinal, a Irmã enxergava nos computadores um potencial para ferramentas educacionais e desenvolvimento humano.

No fim da década de 1950, ela participou de um evento de verão na Dartmouth University. Neste evento, junto com o chefe do departamento de matemática, eles compartilharam da mesma visão: “Nossa visão era que todos os alunos do campus deveriam ter acesso a um computador, e qualquer membro do corpo docente deveria ser capaz de usar um computador na sala de aula sempre que apropriado. Simples assim. ”. Ela levou isso para sua carreira, buscando a inclusão social através da tecnologia. Suas contribuições têm reflexos recentes: como a ideia de computação de Wisconsin.
O grande marco histórico veio em 1965, quando Irmã Mary conquistou seu doutorado em Ciências da Computação pela Universidade de Wisconsin-Madison. Assim, a freira se tornou a primeira mulher doutora na área.

Keller dedicou grande parte da sua vida em tornar a computação acessível a todos, inclusive, foi uma das responsáveis pelo desenvolvimento de uma linguagem de programação didática chamada BASIC (Beginner's All-purpose Symbolic Instruction Code; em português: Código de Instruções Simbólicas de Uso Geral para Principiantes). Ajudou, também, a fundar uma associação infantil para o uso de computadores na educação.
Mesmo em uma área considerada predominantemente masculina - infelizmente até os dias de hoje -, a religiosa atuou como defensora da participação das mulheres no mundo da informática. Além disso, tornou-se um exemplo de que religião, ciência e feminismo podem andar juntos.
Referências:
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