top of page

Trajetória e atual perspectiva das mulheres na ciência

  • Foto do escritor: GJWHS
    GJWHS
  • 24 de out. de 2020
  • 4 min de leitura

Atualizado: 13 de nov. de 2020

Sabe-se que as mulheres enfrentaram e ainda enfrentam muitos desafios para ter uma posição de destaque, principalmente no âmbito da ciência, consequência de um sistema patriarcal e excludente em que o processo histórico da evolução delas no mercado de trabalho e na educação foi construído através de um longo e árduo caminho. 

A imposição ao trabalho doméstico contribuiu para que a mulher passasse a cuidar mais dos outros do que de si mesma, provocando uma condição de isolamento social, de modo a viver em condições de subalternidade na sociedade. Estas circunstâncias facilitaram a formação de um conjunto de forças, que criadas pela sociedade patriarcal, foram naturalizando as desigualdades entre os gêneros femininos e masculinos tendo como base as diferenças entre os sexos, que viria a criar a divisão entre os espaços públicos e privados (o lar). 

Além disso, o casamento, a dedicação total à família, o desempenho no papel de ser mãe, assim como as atividades domésticas exigiam que a mulher estivesse presente no lar junto dos seus em período integral, dificultando, assim, a inserção da mulher na sociedade, no trabalho e na educação. Por isso a educação a elas ofertada foi tardia, pois não cabia à mulher o conhecimento linguístico e matemático e muito menos ser educada para aprender uma profissão. 

Durante décadas as mulheres vieram desafiando uma sociedade desigual, patriarcal e machista e foram conquistando espaço nos diferentes campos de trabalho e nas diversas áreas da ciência e da pesquisa. 

Foram muitos desafios e grandes períodos de invisibilidade, mas hoje a mulher está nos campos mais importantes de muitas profissões, mas não em condição de igualdade. A mulher ainda sofre muitas discriminações e ainda é considerada inapta para muitas áreas, principalmente na ciência, área em que elas têm dificuldades de chegar aos postos mais altos, por serem ambientes considerados propícios ao sexo masculino.

O gráfico, a seguir, evidencia as áreas de graduação mais frequentadas por gênero:


Fonte: http://download.inep.gov.br/educacao_superior/censo_superior/documentos/2019/censo_da_educacao_superior_2018-notas_estatisticas.pdf



Isso fica evidente ao notar que mesmo elas sendo a maioria das pessoas com doutorados em diversas áreas (54%), as mulheres brasileiras não estão tão bem representadas nos níveis mais altos da carreira. Um estudo recente mostrou que as mulheres representam apenas 24% dos beneficiários de um subsídio do governo brasileiro concedido aos cientistas mais produtivos do país (a bolsa produtividade). A sub-representação em posições de liderança ainda persiste: as mulheres cientistas são apenas 14% da Academia Brasileira de Ciências.

Diante dessa sociedade a presença das mulheres na ciência sempre esbarrou em preconceitos e no machismo dessa que insiste em delegar um lugar específico às mulheres.

Ainda vale destacar que a maioria das pesquisadoras atuam como docente no ensino superior, onde orientam alunos que contribuem para suas pesquisas e produções científicas. Porém apenas 15% destas pesquisadoras/docentes recebem bolsas de apoio à pesquisa (que possibilitam investimentos em suas pesquisas científicas) e possuem como principal fonte de renda os salários das universidades e de centros de pesquisa onde trabalham (ou seja, embora trabalhem com docência e pesquisa, recebem apenas como docentes).

Como pode ser visto nos gráficos seguintes, a taxa de atuação de mulheres docentes:


Fonte: https://profissaobiotec.com.br/mulheres-na-ciencia-dessafios-e-perspectivas/


Fonte: https://profissaobiotec.com.br/mulheres-na-ciencia-dessafios-e-perspectivas/


Embora as mulheres sejam a maioria da população brasileira (51,7% segundo dados do IBGE), e representarem 57,2% dos estudantes matriculados em cursos de graduação no país, elas ainda não ocupam o espaço que deveriam na área científica. Por isso essa participação deve ser incentivada.

Á frente disso, desde 2015, para incentivar a participação feminina na ciência o dia 11 de fevereiro foi instituído pela Assembleia das Nações Unidas como Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência. Ainda sabendo que elas não ocupam o espaço que deveriam na área científica, prêmios, projetos e eventos que incentivam a participação de meninas e mulheres no “mundo científico” são tão importantes, a exemplo desses têm-se:

A FIOCRUZ (Fundação Oswaldo Cruz) com os projetos: “O Verão das Meninas na Fiocruz”, ao qual estimula o interesse científico na juventude feminina e o “Meninas baianas na ciência: conectando passado, presente e futuro”, que tem como objetivo incentivar meninas de escolas públicas a se interessar pelas áreas de ciência e tecnologia a partir de exemplos de outras mulheres cientistas;


Fonte: https://portal.fiocruz.br/noticia/fiocruz-promove-atividades-no-dia-internacional-das-mulheres-e-meninas-na-ciencia


O projeto “Meninas na Robótica”, da equipe de robótica BODETRONIC, o qual busca aumentar o número de mulheres no curso de graduação de engenharia. O projeto leva para escolas públicas palestras que demonstram que a engenharia não é exclusivamente para homens;


Fonte: https://eic.cefet-rj.br/meninasnarobotica/


O projeto “Meninas SuperCientistas” que acontece na UNICAMP o qual por meio de palestras, oficinas e minicursos - gratuitos - visa incentivar alunas do ensino fundamental II ingressarem na carreira científica;


Fonte: https://www.ime.unicamp.br/meninassupercientistas/


E ainda o programa “Para Mulheres na Ciência”, desenvolvido no Brasil e promovido pela pela L’Oréal Brasil em parceria com a UNESCO Brasil e a Academia Brasileira de Ciências. Esse pretende motivar a participação das mulheres no cenário científico brasileiro e global, contemplando as premiadas com uma bolsa-auxílio para suas pesquisas. Até hoje o programa já reconheceu 96 cientistas.


Fonte: https://www2.ifsc.usp.br/portal-ifsc/premio-para-mulheres-na-ciencia-inscricoes-ate-30-de-abril/


É possível concluir, portanto que a rigorosidade e as exigências nas carreiras masculinizadas como no caso da carreira científica, tem criado dificuldades de acesso e participação feminina. O fato é que a discriminação existente foi construída historicamente, mas hoje em pleno século XXI e com todos os avanços da mulher na carreira científica ainda há estudos que comprovam a dificuldade delas em alcançar as áreas mais duras da ciência e os cargos de maior prestígio. 

Com a expansão da mulher no mercado de trabalho e seu acesso à educação muitas conquistas e portas foram se abrindo, muitas barreiras foram rompidas, embora a mulher ainda tenha pouca visibilidade para a ciência, elas estão em grande número e contribuem massivamente na produção de saberes.



Referências:


 
 
 

Comments


Post: Blog2_Post
  • Instagram

©2020 por Girls just wanna have science. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page